domingo, 1 de julho de 2012

São Tarcísio, hóstia imaculada ofertada a Deus




CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de agosto de 2010 (ZENIT.org
Quem foi São Tarcísio? Nós não temos muitas notícias. Estamos nos primeiros séculos da história da Igreja, mais precisamente no terceiro século; narra-se que foi um jovem que frequentava as Catacumbas de São Calisto, aqui em Roma, e era muito fiel aos seus compromissos cristãos. Amava muito a Eucaristia e, por vários fatores, podemos concluir que, provavelmente, era um acólito, um servidor do altar. Aqueles eram anos em que o imperador Valeriano perseguia duramente os cristãos, estes sendo forçados a se reunir secretamente em casas particulares ou, por vezes, até mesmo nas Catacumbas, para ouvir a Palavra de Deus, rezar e celebrar a Missa. Mesmo o costume de levar a Eucaristia aos doentes e prisioneiros tornava-se cada vez mais perigoso.
Um dia, quando o sacerdote perguntou, como de costume, quem estava disposto a levar a Eucaristia aos outros irmãos e irmãs que aguardavam, o jovem Tarcísio levantou-se e disse Tarcísio: "Envie-me". Aquele menino parecia demasiado jovem para um serviço tão exigente! "Minha juventude – disse Tarcísio – será o melhor refúgio para a Eucaristia". O sacerdote, convencido, confiou-lhe o Pão precioso, dizendo: "Tarcísio, lembre-se de que um tesouro celeste é confiado ao seu frágil cuidado. Evite as ruas movimentadas e não se esqueça de que as coisas santas não devem ser dadas aos cães e nem as pérolas aos porcos. Guardará com fidelidade e segurança os Sagrados Mistérios?".
"Morreria – diz Tarcísio – antes de cedê-los". Ao longo do caminho, ele encontrou alguns amigos na rua, que, aproximando-se, pediram-lhe que se unisse a eles. Diante de sua negativa, eles – que eram pagãos – o consideraram suspeito e insistente, e perceberam que portava alguma coisa junto ao peito, a qual parecia defender. Tentaram tomá-la, mas em vão; uma luta muito furiosa se deu, sobretudo quando vieram a descobrir que Tarcísio era cristão; eles o espancaram, atiraram pedras, mas ele não cedeu. Morrendo, foi levado ao sacerdote por um oficial pretoriano de nome Quadrato, que era cristão em segredo. Chegou sem vida, mas ainda segurando firme no peito um pequeno linho com a Eucaristia. Ele foi imediatamente sepultado nas Catacumbas de São Calisto.
O Papa Dâmaso I fez uma inscrição para a tumba de São Tarcísio, segundo a qual o jovem morreu no ano 257. O Martirológio Romano lhe fixa a data de 15 de agosto e no mesmo Martirológio reporta-se também uma bela tradição oral, segundo a qual junto do corpo de São Tarcísio não foi encontrado o Santíssimo Sacramento, nem nas mãos, nem entre as suas vestes. Explica-se que a partícula consagrada, defendida com a vida pelo pequeno mártir, tornara-se carne da sua carne, formando assim com o seu próprio corpo uma única hóstia imaculada ofertada a Deus.
Caríssimos acólitos, o testemunho de São Tarcísio e esta bela tradição nos ensinam o profundo amor e a grande veneração que devemos ter pela Eucaristia: é um bem precioso, um tesouro cujo valor não se pode medir, é o Pão da vida, é o próprio Jesus que se faz alimento, sustento e força para o nosso caminho de cada dia e estrada aberta para a vida eterna; é o maior dom que Jesus nos deixou. 
Volto-me uma vez mais aos aqui presentes e, por meio de vocês, a todos os acólitos do mundo! Sirvam com generosidade a Jesus presente na Eucaristia. É uma tarefa importante, que lhes permite estar particularmente próximos do Senhor e crescer na amizade verdadeira e profunda com Ele. Guardem com zelo esta amizade em seus corações, como São Tarcísio, pronto a se empenhar, lutar e dar a vida para que Jesus chegasse a todos os homens. Anunciem também aos seus amigos o dom desta amizade, com alegria, entusiasmo, sem medo, a fim de que eles possam sentir que vocês conhecem este mistério, que ele é verdadeiro e amado! Toda vez que vocês se aproximam do altar, têm a sorte de auxiliar o grande gesto de amor de Deus, que continua a querer se doar a cada um de nós, a estar perto, a ajudar, a dar forças para viver bem.
Com a consagração – vocês sabem – aquele pequeno pedaço de pão torna-se Corpo de Cristo, o vinho torna-se Sangue de Cristo. Vocês têm a sorte de viver próximos deste indizível mistério! Desempenhem com amor, com devoção e com fidelidade a tarefa de acólitos; não entrem na igreja para uma celebração com superficialidade, mas preparem-se interiormente para a Santa Missa! Ajudando os sacerdotes no serviço do altar a trazer Jesus mais perto, para que as pessoas possam sentir e perceber ainda mais: Ele está aqui; vocês colaboram a fim de que Ele possa estar mais presente no mundo, na vida de cada dia, na Igreja e em cada lugar. Queridos amigos! Vocês emprestam para Jesus as suas mãos, o seu pensamento, o seu tempo. Ele não deixará de recompensá-los, dando-lhes a alegria verdadeira e a felicidade mais plena. São Tarcísio mostra-nos que o amor pode levar até mesmo à entrega da vida por um bem autêntico, pelo verdadeiro bem, pelo Senhor. 
A nós provavelmente não é pedido o martírio, mas Jesus nos pede fidelidade nas pequenas coisas, recolhimento interior, participação interior, nossa fé e esforço para manter presente este tesouro na vida de cada dia. Pede-nos a fidelidade nas tarefas diárias, o testemunho do Seu amor, frequentando a Igreja por convicção interior e pela alegria da sua presença. Assim podemos também dar a conhecer aos nossos amigos que Jesus vive. Neste compromisso, ajude-nos a intercessão de São João Maria Vianney, de quem hoje se marca a memória litúrgica, este humilde pároco da França, que mudou uma pequena comunidade e desse modo deu ao mundo uma nova luz. O exemplo dos santos Tarcísio e João Maria Vianney leve-nos todos os dias a amar Jesus e cumprir Sua vontade, como fez a Virgem Maria, fiel ao Seu Filho até o fim. Mais uma vez obrigado a todos! Que Deus os abençoe nestes dias e um bom retorno aos seus países!

Papa Bento XVI

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