Com nove anos, Karol começou a se preparar
para a Primeira Comunhão. Ele ia à Missa às 6h da manhã. Depois se prostrava em
frente à Virgem Maria e rezava. Foi sobretudo com sua mãe que aprendeu a ter
uma devoção materna à Nossa Senhora. A mãe o consagrou aos cuidados da Virgem
de Czestochowa, padroeira de todos os poloneses. O pequeno Karol aprendeu não
somente a rezar Ave-Maria, mas também a chamar Nossa Senhora de mãe e amiga.
Desde então, a Virgem
Maria tornou-se um referencial de vida e devoção para ele. À noite, antes de
dormir, sua mãe ficava ao pé da sua cama para lhe falar sobre o amor a Deus e a
devoção à Virgem Maria. Mais tarde, ele mesmo vai lembrar como essas noites
abençoadas e extremamente importantes para o seu crescimento na fé e para o seu
amor autêntico a Deus.
Em diversos momentos de
sua vida, sobretudo durante o pontificado, João Paulo II não deixou de
ressaltar o seu amor pela Mãe de Jesus, assumindo, inclusive, em seu brasão
episcopal o lema Totus tuus,
inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort sobre Nossa
Senhora.
João Paulo II relata
ainda, em seu discurso no VIII Colóquio Internacional de
Mariologia (13 de outubro de 2000), que São Luís Maria Grignion de
Montfort constitui para ele uma significativa figura de referência. Nos anos em
que foi seminarista clandestino, ele trabalhava na fábrica Solvay de Cracóvia,
na Polônia, e seu diretor espiritual o orientou a ler o “Tratado sobre a
verdadeira devoção à Virgem Santíssima”, de autoria de São Luís. O Papa
ressalta que este livro influenciou sua vida e devoção à Virgem Maria. “Eu
próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes benefícios da leitura deste
livro, no qual 'encontrei a resposta às minhas perplexidades' devidas ao receio
que o culto a Maria, 'dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a
supremacia do culto devido a Cristo'", declarou o Santo Padre.
“Li e reli muitas vezes
e, com grande proveito espiritual, este precioso livrinho ascético de capa azul
que se tinha manchado de soda. Ao situar a Mãe de Cristo em relação ao mistério
trinitário, Montfort ajudou-me a entender que a Virgem pertence ao plano da
salvação por vontade do Pai, como Mãe do Verbo encarnado, por ela concebido por
obra do Espírito Santo”, conta. O Papa polonês explica que não poderia excluir
de sua vida a “Mãe do Senhor”, pois ainda assim continuaria imerso na vontade
de Deus-Trindade, que realizou a história da salvação com a colaboração
“responsável e fiel” da Virgem Maria.
Segundo o Prefeito
Emérito da Congregação para a Evangelização dos Povos,Cardeal Jozef Tomko,
o Totus tuus mostra
como João Paulo II era ligado à Virgem Maria, numa total oferta espiritual.
“Este homem se doava em tudo, tudo”, destaca o cardeal.
“O Rosário é a minha oração
predileta”
Esta foi a
“confidência” de João Paulo II, no dia 28 de outubro de 1978, ao enfatizar que
a oração do Rosário é “maravilhosa na simplicidade e na profundidade”.
De acordo com ele, o
Rosário marca o ritmo da vida humana, no qual se percebe a presença da Mãe de
Deus no mistério de Cristo e da Igreja e no qual o “coração [do cristão] pode
incluir nas dezenas do Rosário todos os fatos que formam a vida do indivíduo, da
família, da nação, da Igreja e da humanidade. Acontecimentos pessoais e do
próximo, e de modo particular daqueles que nos são mais familiares e que mais
estimamos”.
O próprio João Paulo II
relata também, na Carta
Apostólica Rosarium Virginis Mariae,
que, desde de sua juventude, a oração do Rosário sempre o acompanhou, seja nos
momentos de alegria e ou de provações. “A ele confiei tantas preocupações; nele
encontrei sempre conforto”, afirma.
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